A Polícia Civil está investigando a agressão a um ativista homossexual
que foi espancado e roubado na noite do último domingo (5) em Porto
Alegre. O caso aconteceu na rua Sarmento Leite, região central da
capital gaúcha, pouco antes de 0h.
A vítima, o universitário William Santos, 20, caminhava pela rua, em
direção a um ponto de ônibus, quando foi abordado por dois homens.
Segundo o estudante, um dos agressores lhe dirigiu uma ofensa homofóbica
e, em seguida, o imobilizou. O outro agressor, então, começou a dor
socos no rosto da vítima, que acabou caindo.
No chão, sem chances de se defender, Santos levou chutes pelo corpo e no
rosto. Na sequência, lembra Santos, os agressores levaram a mochila e
seu par de tênis. O universitário acredita que foi agredido por ser gay e
que o roubo de seus pertences seja apenas consequência da agressão.
“Antes de tudo fui agredido verbalmente. Não é um roubo qualquer. Se a
motivação fosse me roubar, teriam levado o meu celular, que era o objeto
de maior valor que estava comigo”, afirma.
Santos afirma que ficou semiconsciente por alguns minutos. Em seguida,
ligou para um amigo que o levou de carro até o pronto-socorro. A vítima
teve quatro dentes quebrados, levou pontos no rosto e ficou com vários
hematomas.
A polícia diz que é cedo para dizer que houve homofobia e trabalha com a
hipótese de roubo seguido de agressão. “Tudo é possível. Não existe
roubo que as pessoas não xinguem e não batam. Ainda é muito prematuro
definirmos o caso como agressão homofóbica. O local do crime é escuro,
há muitos roubos naquela área”, afirmou Jardim.
Santos registrou boletim de ocorrência no setor de pronto-atendimento
da polícia um dia depois da agressão. A polícia já levantou suspeitos e
aguarda a presença da vítima no DP para reconhecer por foto os possíveis
agressores. O delegado afirmou ainda que Santos terá de fazer exame de
corpo de delito no Departamento Médico Legal (DML).
A polícia foi até o local do crime e conversou com testemunhas. Nenhuma
das câmeras instaladas ao longo da via registrou a ocorrência.
“Está ficando corriqueiro”
A vítima atuou por dois anos na ONG Somos, que defende a causa LGBT
(Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). Atualmente, Santos estuda
relações internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Ele conta que amanhã vai retornar à Natal.
“Não posso parar minha vida por isso, mas também não posso deixar
passar em branco. É um fato doloroso, mas estou tendo apoio”, desabafa.
Santos não acredita que os agressores vão ser localizados. “Tenho a
convicção de que eles não vão ser encontrados.
Esse tipo de agressão
sempre fica impune”, afirma.
“Entramos em 2012 já com muitos casos de homofobia. Está ficando
corriqueiro. E há muitos casos que não são denunciados. Eu acredito na
minha causa e sei que posso ir adiante. Não quero vitimizar a minha
pessoa, mas sim dar ênfase ao caso para que isso não aconteça mais em
qualquer parte do Brasil”, diz.
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